O cantor e compositor Sérgio Ricardo morreu na manhã desta quinta-feira, 23, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul da capital fluminense, desde abril, quando contraiu Covid-19.
O artista já havia se recuperado da doença, porém teve que permanecer mais alguns dias no hospital, onde sofreu uma insuficiência cardíaca. A família lamentou a morte em um post no Instagram. “Hoje pela manhã partiu nosso mestre Sérgio Ricardo, nosso amado João Lutfi, aos 88 anos de muita arte, resistência e, acima de tudo, muito amor. Suas expressões nos deram e darão ainda muita alegria, mas até os mais inspiradores guerreiros precisam descansar.”
Sérgio Ricardo, cujo nome de batismo era João Lufti, nasceu em 18 de junho de 1932, em Marília, no interior de São Paulo. Por ser filho de músicos, a arte entrou muito cedo em sua vida, aos 8 anos, quando começou a estudar em um conservatório da cidade. Em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como locutor da Rádio Vera Cruz e pianista profissional em casas noturnas. Numa das raras coincidências do destino, Sérgio estava no lugar certo e na época certa, às vésperas do surgimento da Bossa Nova, quando conheceu Tom Jobim, de quem ficou amigo.
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Em 1960, ele gravou o álbum A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo, em que se destacaram as faixas Pernas e Zelão. Mais ou menos nesta mesma época ele também se envolveu com o cinema trabalhando como ator, diretor, roteirista e compositor de filmes do Cinema Novo. Ele dirigiu e atuou em Esse Mundo é Meu (1964), Juliana do Amor Perdido (1970) e A Noite do Espantalho (1974). São dele as trilhas sonoras dos filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, ambos dirigidos por Glauber Rocha.
Porém, um dos momentos mais marcantes da história de Sérgio Ricardo foi o acesso de fúria que ele teve em 1967 durante o Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em São Paulo. Na ocasião, ele quebrou o violão no palco e o jogou na plateia após ter sido vaiado pelo público. Cinco anos antes, ele participou do histórico show da bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, que lançou o gênero musical ao mundo.