O brasileiro está entre os maiores consumidores de produtos de higiene e beleza do mundo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), ocupamos o quarto lugar no ranking e respondemos por 6,2% do consumo global do setor. De acordo com a entidade, cerca de 1,5% do orçamento das famílias no país é destinado a gastos com produtos e serviços do setor.
Um outro dado, da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), aponta que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, a venda de cosméticos movimentou 16,47 bilhões de reais no país.
De olho nessa demanda, a indústria investe constantemente em pesquisas e tecnologias que permitam o desenvolvimento de produtos cada vez mais alinhados às necessidades de seus consumidores.
Ainda assim, há pessoas que se interessam em fazer seus cosméticos em casa. Há quem opte pela produção de receitas caseiras para reduzir as despesas, para adotar um estilo de vida menos consumista ou até para praticar um hobby. Fato é que muitos brasileiros vêm utilizando ingredientes da cozinha e colocando a mão na massa para confeccionar hidratantes, xampus e outros itens “feitos à mão”. Na internet, há uma infinidade de tutoriais ensinando a fazer esses e outros cosméticos, e um dos campeões de busca é o desodorante natural caseiro. Mas será que ele é realmente seguro e eficiente?
Os desodorantes caseiros:
Na luta contra o mau cheiro, tem muita gente recorrendo à despensa em vez das prateleiras do supermercado.
Leite de magnésia:
Um dos produtos preferidos do pessoal do DIY (do it yourself, ou faça você mesmo), o hidróxido de magnésio, conhecido popularmente como leite de magnésia, é usado para neutralizar os odores desagradáveis das axilas e dos pés.
Bicarbonato de sódio:
Também usado no preparo dos desodorantes caseiros, esse sal tem ação antisséptica e ajuda a controlar o mau cheiro.
Óleo de coco:
Sua ação antibacteriana pode ajudar a diminuir a proliferação das bactérias responsáveis pelo mau cheiro nas axilas.
Será que vale a pena?
Para quem se animou, um alerta: nem tudo que é dito natural pode ser usado na pele indiscriminadamente. Alguns óleos essenciais apresentam potencial alérgico, especialmente para pessoas com tendência à sensibilidade.
E, apesar de combaterem o mau cheiro nas axilas, é importante entender que os desodorantes naturais (e os desodorantes veganos) podem oferecer reações adversas.
Por exemplo, o óleo de coco, melhor amigo de quem produz cosméticos em casa, requer uma dose de cautela, especialmente se você costuma ter furúnculos. É que ele pode favorecer a proliferação de bactérias que causam esse tipo de foliculite. Por isso, a melhor dica antes de atacar de alquimista é fazer uma avaliação com um dermatologista e descobrir se sua pele precisa de algum cuidado específico.
Já o leite de magnésia e o bicarbonato de sódio neutralizam o pH da pele e, assim, diminuem a proliferação das bactérias responsáveis pelo mau cheiro na região. Mas, por outro lado, esses ingredientes reduzem também a quantidade de bactérias boas na região (aquelas responsáveis por formar uma camada protetora da derme). Resultado: maior o risco de irritações e alergias.
E tem mais! Apesar de ajudarem a diminuir o odor, os desodorantes caseiros não atuam na redução da transpiração. Assim, a solução para quem sofre com a sudorese excessiva (hiperidrose) é aplicar um desodorante antitranspirante, que tem a formulação adequada para diminuir a produção de suor e do odor corporal. Isso porque os sais de alumínio – ingredientes ativos dos desodorantes antitranspirantes – se dissolvem na superfície da pele formando uma camada protetora em forma de gel. Essa película permanece sobre a pele temporariamente e reduz a quantidade de suor liberada pelo corpo, mantendo as axilas secas e livres de mau cheiro por mais tempo.